Fichamento do Texto "Teoria do Não-Objeto"
Durante a época moderna, os artistas buscavam transpor os limites anteriormente estabelecidos. Sendo assim, a arte da época se caracteriza como uma antiarte, uma tentativa de provocar inovações e ampliar a ideia do que é considerado arte. Esse desenvolvimento da arte figurativa até a ideia do "Não-Objeto" foi, porém, gradual e repleta por fases intermediárias.
O propósito inicial era de fugir da representação da realidade, mas ainda assim, percebe-se que a própria arte abstrata apresenta limites, visto que ainda é evidente a necessidade de agregar significações às obras (a obra Boy With a Backpack de Malevich é um grande exemplo disso). Além do exposto, a arte abstrata ainda tinha barreiras maiores e mais claras: ela estava afastada do mundo real, restrita a uma moldura (no caso de pinturas) ou a uma base (em esculturas). É nesse contexto que surge o conceito de Não-Objeto.
A teoria do Não-Objeto apresenta uma série de características que permitem a sua diferenciação dos estilos artísticos que a antecedem. Nesse sentido, é importante destacar a exploração do espaço real (a arte faz parte do espaço, não é somente inserida passivamente nele), a ausência de significação própria (o Não-Objeto não tem uma função pré-determinada nem um sentido definido, o espectador - participante - que define seu "uso") e o fato do Não-Objeto se apresentar, não representar (ele se desliga de relações conceituais por ter surgimento próprio, sem se referir a um objeto real com funções conhecidas). Logo, o Não-Objeto rompe com as estruturas ao se afastar de qualquer tipo de lógica previamente definida para a arte, reformulando o seu sentido e sua organização no espaço.
Por fim, uma das características mais marcantes do Não-Objeto é o fato de que ele é inconcluso ao se apresentar isoladamente. Somos nós, espectadores, que complementamos a obra de arte. O Não-Objeto se enriquece a cada uso, contemplação ou exploração humana, já que ele só adquire sentido ao estimular sua própria alteração. As experiências individuais e as bagagens emocionais pessoais que tornam o Não-Objeto uma arte rica e sensível, capaz de suscitar sentimentos.
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