Análise Crítica - Trípticos (Ana Clara Gil)
O conjunto de fotos foi desenvolvido com os elementos luz e sombra, utilizando somente papel e uma fonte de iluminação. O trabalho da Ana Clara me agrada, em uma primeira análise, devido à harmonia garantida pela ordem das imagens dispostas no slide - a sombra do papel da esquerda se direciona para o "sudoeste" da foto, a do centro para o "sul" e a da direita para o "sudeste". Dessa maneira, há um foco maior para a fotografia do meio, que é a que apresenta uma escultura de papel mais limpa e organizada, com linhas claras e poucos amassados desnecessários. As esculturas do canto, por sua vez, me incomodam um pouco por terem linhas pesadas e muito juntas, mas suas sombras mais desfocadas dão um certo dinamismo, uma impressão de movimento, que, na minha opinião, quebra com esse desconforto.
Apesar dos pontos positivos destacados, o fato de ser fácil identificar o material utilizado tira um pouco do mistério da composição, sendo difícil abstrair da ideia da imagem formada e desenvolver diferentes interpretações.
O novo conjunto de fotos foi construído com os mesmos elementos de luz e sombra, mas também com uma noção de reflexo e transparência. Esse tríptico da Ana Clara apresenta imagens de um mesmo objeto mas com propostas técnicas diferentes, se complementando até termos a noção do "todo". Temos então uma gradação: aparenta que começamos a análise do fundo da garrafa e terminamos com seu topo, onde conseguimos finalmente identificar o objeto usado.
A primeira foto foi minha preferida porque os tons estão bem equilibrados (há setores claros e escuros bem divididos e praticamente simétricos) e as texturas nos cantos balanceiam o peso da parte mais escura do centro. Além disso, essa primeira foto me lembra muito a íris de um olho, noção que para mim não é descontruída após o reconhecimento do objeto.
A segunda foto tem um trabalho de reflexo muito bom, visto que a parte mais clara se repete, de certa maneira, no canto inferior da figura. Outras questões de destaque é a iluminação que parece se distribuir em forma de raios para toda a imagem e a formação de círculos e espirais bem nebulosos na parte mais clara.
A última foto, para mim, é a menos interessante visualmente por apresentar o objeto como um todo, mas foi essencial para fechar a apresentação e quebrar a expectativa bem abstrata e irreconhecível das outras fotos. Essa noção de "final" do tríptico também é explícita pelo ponto branco no centro da imagem, que se contrapõe diretamente ao centro preto da primeira foto.
Em conclusão, acredito que mesmo apresentando fotos mais e menos impactantes, os trípticos trabalham bem em conjunto, visto que uma foto complementa o significado da outra. Assim, tenho a sensação de que as composições estão completas, o que agrada o olhar.
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